10 de novembro de 2011

Gaian e o Exército de Anjos - Parte 2: Os Anjos da Morte

Passara quase uma hora, desde que o corpo do homem fora roubado do laboratório. Isabela permanecia sentada, incrédula, tentando pensar em algo para dizer ao agente da Segurança Nacional quando este chegasse, mas nada lhe caia à mente. O que diria? “Boa Noite, fez um lindo dia hoje não? A propósito o tal corpo que estava sobre minha responsabilidade foi roubado! E não, não foi um grupo armado que o levou, e sim uma mulher que saiu placidamente por essa mesma porta pela qual você entrou!” Sim isso explicaria bem as coisas, pensou irritada consigo mesma.

Seu marido havia ligado pouco antes, estava preocupado com a demora da esposa, ela o acalmou dizendo que só precisava esperar algumas autoridades para entrega de alguns relatórios. Absteve-se de dar maiores detalhes, até por que, ela mesma não sabia o que havia se passado ali. Ainda se perguntava se o que tinha visto era real.

Aquela mulher aparentava ser normal, mas ao lembrar-se dos olhos dela, Isabela percebeu que não era bem assim. A invasora tinha força sobre-humana com certeza, mas as suas feições transmitiam a grande tristeza que carregava no coração. O homem que morreu devia ser bem próximo dela, talvez amante ou então o seu irmão. O que mais lhe intrigava não era a força ou a relação dela com o defunto, mas a forma como entrou no laboratório sem ser percebida. A única explicação viável seria ela ter entrado voando, mas era algo que não passava pela cabeça de Isabela, mesmo assim arriscou uma olhada ao teto, só para constatar que os dutos do ar-condicionado estavam todos intactos. Sem chance.

O interfone tocou despertando Isabela de seu torpor, supondo que fossem os Agentes que aguardava, endireitou-se na cadeira, aprumou os ombros e encarou através da janela da porta a sua frente. 

Levantou-se para recebê-los e então eles foram surpreendidos, derrubados e não mais se ergueram. Na curiosidade de saber o que tinha acontecido, Isabela não se preocupou com o perigo e correu até a porta. Pela mesma janela viu dois homens, ainda maiores do que aquele que examinara horas atrás, aparentavam ser tão fortes quanto, mas não transmitiam tranqüilidade e serenidade, muito pelo contrário, davam medo só de olhar.

Apavorada, e finalmente temendo por sua vida, a doutora abaixou-se e correu em direção a uma saleta contigua a sua bem a tempo de escapar dos olhos frios dos novos invasores.

Os estranhos se dirigiram para dentro do recinto. Arrancaram a porta do saguão de entrada, trás da qual ela estivera segundos antes. Sem se preocuparem em serem contidos os dois brutamontes reviraram todo o lugar como se procurassem algo. Enraiveciam-se ainda mais á medida que a busca mostrava-se infrutífera. Isabela, respiração suspensa, observava tudo através da fechadura da sala inativa, ao fundo do laboratório, que agora lhe servia de refúgio.

Em dado momento os homens pararam com a destruição e entreolharam-se. Movimentaram as cabeças de um lado para o outro, as narinas dilatadas parecendo farejadores em ação. Sentiam a presença de alguém e voltaram a vasculhar o local, aproximando-se cada vez mais da sala onde estava a doutora. Percebendo o perigo que passava, Isabela começou a procurar um novo lugar para se esconder, era evidente que em pouco tempo seria encontrada, se ali permanecesse. Talvez, por causa do pânico que lhe embotava a mente, não encontrava um novo refúgio, estava cada vez mais aterrorizada. Esgueirando-se até um canto da sala escura, comprimiu-se o  mais que pode contra a parede, tendo apenas um frágil e velho armário como escudo, e foi quando viu a porta da sala ser atirada contra a parede a sua frente. Apertou a mão contra a boca para evitar que seu grito escapasse. Não podia ser vista da nova abertura, mas era questão de segundos para tal.

Viu as sombras imensas dos dois se projetarem onde estava a  porta destroçada. O medo em seu rosto era eminente. Isabela fechou os olhos sem saber o que aconteceria dali em diante, sua mente estava vazia, nada sentia, apenas apertou mais os olhos e aguardou pelo que viria á seguir. Passaram-se alguns segundos, nada aconteceu. Não ouviu passos, não sentiu aproximação de ninguém. Ainda temerosa voltou a abrir os olhos e nada viu, virou-se para a porta e lá também não viu ninguém. 

 Receosa, engatinhou até a porta que separava a saleta de sua sala oficial e espiou ao redor. Nada. Pôs-se de pé cautelosamente e esperou, como não ouviu nenhum ruído arriscou andar pelo laboratório, vendo tudo destroçado, sabia que o lugar precisaria ser fechado por alguns dias para poder voltar a funcionar normalmente, o pensamento absurdo de que aquela devastação em seu laboratório lhe renderia alguns dias de férias, não a animou em absoluto. 

 Ouviu o toque característico de seu celular anunciando uma chamada. Desesperada vasculhou entre os destroços e o encontrou sob os escombros de sua mesa arruinada. Recuperou o aparelho que milagrosamente havia sobrevivido á fúria dos visitantes misteriosos, só para descobrir que era outra vez o seu marido. 

- Você ainda irá se demorar por aí? – a voz suave de Roni serviu-lhe de calmante. Era tão bom poder voltar a ouvi-lo, ainda mais depois de ter pensado que nunca mais o faria.

- Eu já terminei aqui. Você poderia vir me buscar? – ela mesma estranhou o quanto sua voz soou tremula ao formular o pedido.

- Está tudo bem Isabela? – perguntou preocupado.

Roni era extremamente atencioso no que dizia respeito a sua mulher. Sabia dizer, apenas com um olhar ou ao ouvir sua voz se algo estava ou não errado com ela.

- Quando você chegar aqui explico melhor – foi a resposta curta e tensa que ela lhe deu – Roni? Por favor, não demore muito está bem? – e sem esperar pela resposta dele ela cortou a ligação.

Voltando a olhar em volta, vendo o estado lastimável em que se encontrava seu local de trabalho, sentiu-se aliviada ao saber-se incólume. E foi então que outro pensamento, tão assombroso quanto a destruição diante de seus olhos, ocorreu-lhe, os homens, aqueles que haviam invadido seu laboratório tal qual a mulher o fizera mais cedo, haviam sumido!


(Redação: Kátia Alexandre)


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