Hoje é dia de reunião do Congresso. Todos precisam estar
presentes, mas alguém está atrasado. O Espírito do Fogo está presente, o
Espírito da Água também. O Espírito do Ar nunca faltaria e também não podemos
esquecer do Espírito da Terra, todos presentes. Quem ainda não chegou é a Mãe
Natureza, está até virando costume chegar atrasada para a reunião, esta que
decide as próximas ações que deverão ser tomadas afim de mudar o cenário atual.
Não é por preguiça ou falta de vontade, muito menos por
estar presa no trânsito. A presença mais importante desta reunião, a Mãe
Natureza, provavelmente deve estar com problemas para caminhar, ou para respirar,
ou ainda para simplesmente se levantar. Ultimamente tem enfrentado vários
problemas de saúde. O seu médico relatou no último exame dezenas de doenças,
dentre elas várias intoxicações.
Enquanto aguardam a chegada da presidente do Congresso, os
Espíritos da Natureza coxixam entre si, lamentando pela atual situação em que
se encontra a mãe deles. O Espírito do Fogo chama a atenção de todos e diz que
está mais que na hora de algo de verdade ser feito, ele sugere colocar todos os
vulcões do planeta em erupção simultânea, para ver se a humanidade cai na real
e muda seus hábitos.
O Espírito do Ar, mostrando uma expressão revoltada,
concorda com seu irmão, mas acha que seria melhor ventanias para todos os
lados, pondo abaixo todas as construções que prejudicam a Mãe Natureza, assim
as coisas melhorariam com certeza, mas, o Espírito da Água, interrompe. Ele
menciona as ideias propostas por seus irmãos, mas lembra que tudo isso não teria
os melhores resultados.
Se os vulcões entrassem em erupção, muitas pessoas inocentes
morreriam, pois somente as famílias mais pobres moram do lado deles, isso
apenas por não ter outro lugar para ir. Se ventanias tomassem conta do planeta,
não apenas as construções maléficas iriam abaixo, mas também muitas outras
importantes para todos.
O Espírito da Água acrescenta que se fizessem chover por
dias, principalmente nos países mais ricos e poluentes, a inundação que tomaria
conta, com certeza faria todos pensarem e agirem imediatamente.
O Espírito do Fogo alerta que assim também muitos inocentes
seriam mortos, pois, a cultura de atitudes antisustentáveis, não são
exclusividade dos mais poderosos. Assim começa uma discussão entre eles,
quando, o Espírito da Terra, até então em silêncio, os interrompe e diz que
nada podem fazer sem a autorização da Mãe Natureza.
Os três, juntos, lembram das quantas vezes que sugeriram
algumas destas ações, entre outras, mas que nunca foram acatadas. Acusam a Mãe
Natureza de não deixar punir aquelas que fazem mal a ela mesma. Não se
conformam de forma alguma em ver a sua mãe passar por tudo aquilo.
O Espírito da Terra avisa que ela sempre está certa. Ele
compartilha a indignação de seus irmãos, mas lembra a eles que todas estas
ações não seriam eficazes para resolver todos os problemas, tudo isso só
machucaria mais e mais a Mâe.
Em momentos de fúria os Espíritos da Natureza, em vez ou outra,
se rebelam, é quando acontecem algumas das catástrofes que hoje presenciamos.
Os tsunamis, por exemplo, são a fúria do Espírito do Ar quando se desentende
com seu irmão, o Espírito da Água.
A Mãe Natureza reprova estas ações radicais, por parte de
seus filhos, pois acredita na humanidade, acredita que em algum dia do futuro
as pessoas se conscientizem da real necessidade de preservar a natureza para o
seu próprio bem. Não é nem o caso de egoísmo, pois os homens estão prejudicando
a si mesmo e não ao próximo. Mas a Mãe Natureza sabe que a Esperança nunca
morre, afinal ela a conhece bem, é sua irmã.