4 de maio de 2011

Primeiro Contato

Eram as primeiras quatro horas do dia oito de dezembro daquele ano. Ele finalmente chegava em casa ao fim de mais uma agitada temporada, mais uma vez ficara na tentativa de aceder a categoria principal do automobilismo mundial. Muito cansado, depois da viagem de mais de vinte horas, largou todas as suas malas e deitou imediatamente. Antes de tentar dormir, levantou novamente e dirigiu-se até a cozinha para beber um copo d'água.
Agora, pronto para dormir e não acordar por horas seguidas, voltou ao seu quarto e foi surpreendido com um vulto querendo se esconder. Ficou, naturalmente, assustado. Perguntou ao nada quem era, nada de resposta, nada ouvira, nem um ruído se quer. Perguntou novamente, chegou a ameaçar dizendo que estava armado - estava mentindo. Outra vez nada ouviu. Com muito cuidado, se aproximou do interruptor e ligou a luz do corredor. Não viu nada, nem ouviu. A tensão estava subindo, podia sentir o sangue correndo pelas suas veias.
Aproximou-se vagarosamente até a porta do quarto, ligou a luz dali também. Já dentro do lado de dentro, começou a olhar por tudo. Com muita calma foi fechando a porta, atrás estava encolhida uma mulher, parecendo estar mais assustada que ele mesmo. Meio confuso perguntou quem ela era. E não respondeu. Estava tremendo, mas não parecia que era dele que tinha medo, mas de outra pessoa.
Então, como se estivesse pensando alto, falou:
- Gabriel não vai me perdoar, eu não devia ter falhado. - então lhe perguntou:
- Quem é este tal de Gabriel, em que você falhou para temê-lo tanto? - ela não lhe respondeu, foi então que aproximou-se. De face a face. Ela congelou, estava estática. Voltou a perguntar quem era Gabriel. A moça, com o medo nos olhos, disse que se contaria ele não iria acreditar. Acrescentou que nada podia dizer, que na verdade ele nem podia tê-la visto.
Preocupado, perguntou outra vez, agora com mais agressividade na voz:
- Quem é Gabriel, porque você está aqui e porque todo esse pavor? - ela desviou o olhar e começou a gaguejar, percebendo sua temerosidade, a levou até a sala de estar, lhe ofereceu água com açúcar e depois dela ter bebido todo o líquido, ele perguntou novamente, com mais calma, o motivo da sua presença. Desta vez, mais tranquila, ela respondeu:
- Eu não deveria lhe contar, mas agora que já estou encrencada mesmo, não tenho o que fazer. Gabriel é um arcanjo, o general dos céus, discípulo do Criador. Fui enviada por ele para te observar, pois teu destino está traçado para lutar ao nosso lado no badalar da sétima trombeta.
Incrédulo ele retribuiu o olhar de incompreensão e disse que a levaria para casa, mas que antes passariam na casa do tal de Gabriel para que pudesse conhecê-lo. E então ela lhe falou:
- Eu disse que você não acreditaria, Gabriel não mora em um lugar que você já tenha visto, ou que sequer imagine que exista. E eu também. - ela falava aquilo com tamanha certeza que fazia com que ele realmente pensasse se seria mesmo possível, mas ele era convicto em suas crenças e descrenças.
- Você quer que eu acredite que você e este Gabriel moram no céu, que caminham sobre as nuvens?
- Na verdade, céu é como vocês chamam, moramos no Éden. Vocês também chamam de paraíso. O Éden é um lugar em outra dimensão, para chegar lá é preciso atravessar uma película inivisível aos olhos da maioria dos seres humanos. Em alguns lugares do mundo esta película é mais sensível e de mais fácil passagem. É lá que moramos.
- Então me leve até lá, me leve até o Éden. - falou com certo sarcasmo, ainda não acreditando.
- Não posso. Você ainda não acredita. Para que você consiga transpassar a película você precisa enxergá-la ou ter a morte física.
- Como você quer que eu acredite em você?
- Acreditar em mim seria o primeiro passo para um dia poder ir ao Éden.
Já não aguentando mais aquela conversa, pediu educadamente para que ela se retirasse. Precisava dormir, estava muito cansado e no outro dia ele precisaria viajar novamente.
Aflita e ao mesmo tempo triste ela fez sua vontade, mas antes de ir, ela lhe olhou no fundo dos olhos e disse:
- Você precisa acreditar, pense na nossa conversa, precisamos de você.


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